Intolerância à histamina e padrão alimentar: entenda a inter-relação
Na intolerância à histamina os sintomas envolvem queixas gastrointestinais funcionais, inespecíficas não alérgicas e até alterações extraintestinais. Esse quadro pode ser decorrente da alta ingestão de alimentos contendo histamina e da redução da capacidade da enzima responsável por metaboliza-la e degrada-la, denominada diamina oxidase (DAO). Para o diagnóstico definitivo são necessários avaliações padronizadas e/ou exames laboratoriais. A intervenção nutricional com redução de histamina e/ou suplementação oral com DAO pode auxiliar no tratamento e na melhora do quadro clínico (SCHNEDL; ENKO, 2021).
Histamina: origem, função e fontes alimentares
A descarboxilação do aminoácido histidina resulta em histamina, estando a mesma presente no grupo de aminas biogênicas com putrescina, cadaverina e tiramina; as quais são produzidas através de fermentação bacteriana. No organismo, é sintetizada por mastócitos, plaquetas, basófilos e neurônios histaminérgicos a partir da histidina (SCHNEDL; ENKO, 2021).
Em níveis fisiológicos, a histamina está relacionada, principalmente, com a resposta imunológica no combate de patógenos, mas também está envolvida com regulação do ácido clorídrico (HCL), função intestinal, contração muscular e ainda é um neurotransmissor (HRUBISKO et al., 2021; SCHNEDL; ENKO, 2021).
Suspeita-se que o excesso de histamina seja decorrente do consumo exagerado de alimentos e bebidas contendo a substância, pois os processos de fabricação e limpeza dos materiais; assim como a composição microbiana e a fermentação influenciam na quantidade de histamina contida (HRUBISKO et al., 2021; SCHNEDL; ENKO, 2021).
Queijos maturados, carnes processas e vinhos contêm quantidades exacerbadas de histamina. Além deles, pode-se listar mamão papaia, morango, abacaxi, berinjela, amendoim, tomate, espinafre, soja, lentilha, chá verde, chocolate, cacau, peixe, crustáceo, clara de ovo e carne de porco; além de vinagre, canela, cravo e pimenta (SCHNEDL; ENKO, 2021).
Papel enzimático da DAO
A enzima DAO é sintetizada pelos enterócitos e é liberada na mucosa para o intestino, bem como para a circulação sanguínea durante a digestão. No trato gastrintestinal, DAO é a principal enzima responsável pela degradação da histamina ingerida e/ou gerada pela microbiota (SCHNEDL; ENKO, 2021).
Diagnóstico de intolerância à histamina
Apesar de comum, o diagnóstico clínico ainda é desafiador devido a falta de testes padronizados. A base é feita por meio de anamnese de todas as queixas relacionadas à intolerância, incluindo gastrointestinais, cardiovasculares, respiratórias e cutâneas (SCHNEDL; ENKO, 2021).
Segundo a revisão de Schnedl e Enko (2021), o sintoma mais comum indicado pelos pacientes dos estudos foi o inchaço (acomete mais de 90% dos indivíduos), seguido de plenitude pós-prandial e diarreia (ambos em >70%), dor abdominal (>65%) e constipação (55%). Aqui os autores disponibilizam o questionário utilizado em muitos estudos analisados.
Outro ponto importante é que o diagnóstico pode ser apoiado por valores séricos de DAO inferiores a 10U/ml (normal >10U/ml); além da melhora dos sintomas ao seguir uma dieta com redução de histamina. Embora os níveis circulantes da enzima não estejam diretamente relacionados com sua atividade no intestino, a ciência aponta que existem evidências sugerindo o aumento dos níveis enzimáticos devido a uma dieta rigorosa com redução de histamina e/ou suplementação oral de DAO em pacientes com intolerância (SCHNEDL; ENKO, 2021).
O 11º Gluten Free acontecerá nos dias 22 e 23 de julho, em São Paulo, e receberá os maiores palestrantes da nutrição no país, além das principais marcas de suplementos, nutracêuticos e superfoods durante a feira de exposição.
Clique aqui e saiba mais sobre o GF 2022.
REFERÊNCIAS
SCHNEDL, Wolfgang J; ENKO, Dietmar. Histamine Intolerance Originates in the Gut. Nutrients. Austria, p. 1-14. 12 abr. 2021. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33921522/. Acesso em: 26 abr. 2022.
HRUBISKO, Martin et al. Histamine Intolerance: the more we know the less we know. a review. Nutrients. Eslováquia, p. 1-21. 29 jun. 2021. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34209583/. Acesso em: 26 abr. 2022.