Alterações neurofuncionais na obesidade e no comportamento alimentar: um novo olhar para a microbiota intestinal.

 

A obesidade é um problema global de saúde pública, sendo a maior impulsionadora de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). A prevalência triplicou desde 1975 e, apesar da magnitude do quadro e dos custos de saúde associados; medicamentos e outros tratamentos podem apresentar com reduções de peso pouco significativas e com frequente recuperação.  

A etiologia é complexa e multifatorial, por isso faz-se necessário compreender a fisiopatologia para adoção de abordagens individualizadas baseadas na biologia dos sistemas envolvidos.

 

Obesidade e eixo intestino-cérebro: um novo olhar clínico

O eixo cérebro-intestino-microbioma na fisiopatologia da obesidade vem sendo cada vez mais estudado devido a sinalizações mediadas por mecanismos metabólicos, endócrinos, neurais e imunológicos.

As sinalizações cerebrais através do sistema nervoso autônomo e do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal influenciam processos gastrointestinais, como motilidade, trânsito, secreção de fluídos, muco, ativação do sistema imune, permeabilidade e microbiota intestinal.

No que diz respeito ao microbioma, as bactérias do intestino podem se comunicar com o cérebro por meio de metabólitos percebidos por células enteroendócrinas. Esse contato resulta em sinalização neural para o cérebro e interações com células do sistema imunológico, levando à ativação local e/ou sistêmica. O metabólito também pode acessar diretamente o cérebro através da circulação.

 

Ácidos Graxos de Cadeia Curta e sua influência na obesidade

 

Os Ácidos Graxos de Cadeia Curta (AGCC) são os principais produtos da fermentação microbiana de fibra dietética e parecem ser os principais mediadores do eixo intestino-cérebro devido a sua influência por meio de mecanismos imunológicos, endócrinos e vias vagais.

Alterações no eixo intestino-cérebro pode resultar no comprometimento de mecanismos reguladores da ingestão alimentar, podendo gerar disfunções no comportamento alimentar, tornando-o predominantemente hedônico e com maior busca de sanar desejos e cometer excessos.

Isso porque a regulação homeostática da ingestão alimentar e manutenção do peso corporal é decorrente de interações entre núcleos hipotalâmicos e hormônios intestinais orexígenos (grelina e insulina), anorexígenos (colecistoquinina, neuropeptídeo Y (NPY) e peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP1); além de sinais químicos derivados do tecido adiposo (principalmente a leptina), metabólitos microbianos intestinais (AGCC e aminoácidos), mediadores de estresse e impulso causado pelo sistema de recompensa do complexo dopaminérgico e mecanismos inibitórios corticais pré-frontais reguladores da quantidade da ingestão alimentar.

 

Abordagem nutricional na obesidade: o intestino como foco

A dependência alimentar está relacionada com comportamentos de ingestão desadaptativos resultantes de alterações dos mecanismos reguladores primariamente homeostáticos, mas que foram para hedônicos, aumento o desejo desenfreado por comida.

A abordagem nutricional direcionada a composição e função microbiana intestinal pode ser um dos pontos principais do tratamento da obesidade, fornecendo maiores benefícios clínicos a curto, médio e longo prazo.

O 11º Gluten Free acontecerá nos dias 22 e 23 de julho, em São Paulo, e receberá os maiores palestrantes da nutrição no país, além das principais marcas de suplementos, nutracêuticos e superfoods durante a feira de exposição.

 

Clique aqui e saiba mais sobre o GF 2022.

 

REFERÊNCIAS

 

GUPTA, Arpana; OSADCHIY, Vadim; A MAYER, Emeran. Brain-gut-microbiome interactions in obesity and food addiction. Nat Rev Gastroenterol Hepatol. Califórnia, p. 655-672. nov. 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32855515/. Acesso em: 14 abr. 2022. 

Open chat
Olá 👋
Como posso ajudar?