MÓDULO 2 -
NUTRIÇÃO DE PRECISÃO

Daniela Seixas – Um olhar para os relógios epigenéticos

Um americano passa em média 30% da sua vida convivendo com doenças. Muito além de aumentar a expectativa de vida (lifespan), é necessário aumentar o tempo de vida com saúde, o chamado healthspan. E a partir da modulação epigenética isso é possível.

O que a gente come, especialmente compostos bioativos, os fitoquímicos, conversa, com o nosso DNA.

Senescência celular e o impacto no healthspan

As células somáticas param de se dividir após um número finito de divisões, se tornando células senescentes. Porém, após ela não se dividir mais, elas continuam produzindo substâncias químicas que aumentam a inflamação, a SASP (fenótipo secretor associado à senescência).

O importante é o equilíbrio – as células senescentes atuam na regeneração tecidual, desenvolvimento embrionário, regeneração tecidual, cicatrização e supressão tumoral. O problema é quando não conseguimos fazer a remoção e elas ficam em excesso na corrente sanguínea.

Relógios epigenéticos: a chave para o manejo do healthspan

Os relógios epigenéticos são o nosso padrão de metilação ao decorrer da vida. Eles mudam com o decorrer do tempo, assim como o perfil de células senescentes. E os relógios epigenéticos são a métrica mais acurada para determinar a idade biológica. Há muitos tipos de relógios epigenéticos, sempre observar no estudo qual está sendo utilizado.

Uma aceleração epigenética positiva se associa com uma idade biológica maior do que a idade cronológica.


Programação metabólica e relógios epigenéticos
A
nutrição durante a gestação e o início da vida, com dietas ricas em fibras, polifenóis, ômega- e vitamina D, geram modificações epigenéticas e promovem uma melhor idade biológica quando adulto e com aumento do healthspan. Já dietas com alta carga glicêmica, gordura saturada apresenta relação deletéria/ negativo.

Mudanças epigenéticas efetivas para promover um envelhecimento desacelerado

Restrição calórica de 10 a 40% pode ter um efeito de prolongar a vida, segundo estudos clínicos. Porém, restrições calóricas severas se associam com aumento do risco de transtornos alimentares e do aporte de micronutrientes, inclusive os doadores do grupo metil. Por isso, é fundamental a atenção na conduta clínica e individualização.
Dieta do Atlântico Sul da Europa (SEAD – sigla em inglês): semelhante à dieta do Meidterrâneo, estimula o consumo de bacalhau e outros peixes, pouco de vinho, pouco consumo de carne vermelha e promove o cuidado do meio ambiente, a importância do comer social e dos hábitos alimentares. Estudos mostram que pode reduzir depressão e risco de morte.
Suplementação de B12 e B9 reduziu idade epigenética em mulheres com fenótipo selvagem MTHFR 677CC -> não funcionou com homem e quem tem outros genótipos -> demonstra a importância da individualização das abordagens
Estudo que demonstrou associação de dieta plant based, azeite de oliva para cozinhar ou temperar, redução do consumo de gordura –> redução no relógio DNAmGrimage
Atividade física -> redução de mutações epigenéticas aleatórias
Mudanças no estilo de vida, quando comparado ao grupo controle, reduziu de 3,23 anos de idade biológica em apenas 8 semanas.
Dieta e exercício físico têm efeitos potencialmente diferentes e complementares nos relógios epigenéticos
Microbiota é capaz de mudanças epigenéticas -> a partir do que comemos, modificamos a microbiota e, a partir daí, podemos ter esse manejo epigenético.

Confira a entrevista com
a Dra. Daniela Seixas

MÓDULO 2 -
NUTRIÇÃO DE PRECISÃO

Annete Marum e Pedro Andrade Medicina – Nutrição de precisão na saúde mental:
Onde estamos e para onde vamos na atuação clínica 

A maior parte das doenças são poligênicas e multifatoriais, inclusive quando pensamos nas desordens associadas à saúde mental que, atualmente, são altamente prevalentes na população.

Dica para estudar: a partir do rs (exemplo BDNF rs6265), podemos pesquisar no pubmed ou em bancos de dados genéticos!

COMT (rs4680) – Degrada adrenalina e dopamina, 70% das pessoas têm esta enzima híbrida. Em seu estado-funcional normal, degrada a dopamina na fenda sináptica. Pode ser COMT lento e rápido. Chá-verde atrasa a COMT, interessante para pacientes com COMT rápida.

DRD2 – Variação genética no receptor de dopamina, associa-se com redução na captação de dopamina: se você tem menos receptores, você terá menor quantidade de dopamina disponível para fazer a sua ação. Assim, pode gerar mais sintomas depressivos e comportamentos compulsivos. A atividade física pode modular receptor de dopamina.

HTR2A – Receptor de serotonina. Se menor ativação, maior risco de depressão.

BNDF (rs 6265) – Maior risco para depressão e doenças neurodegenerativas.
Suplementar 30mg de zinco ajuda na ativação de BDNF e atividade física é capaz de aumentar em até 10x o BNDF.

CLOCK – Sono pode ser alterado devido à presença de polimorfismos nos genes CLOCK (mas também pode ser diferentes outros tipos de genes associados ao sono)

MTHFR – Heterozigoto reduz em 70% a eficiência, homozigoto, 30%. Associa-se com depressão, esquizofrenia e bipolaridade. Menor eficiência da MTHFR pode gerar deficiência da glutationa. Vitaminas do complexo B ajudam na metilação e, isso contribui para reduzir o risco de demência. A dose de vitaminas do complexo B deve ser muito aumentada. Importante ainda ressaltar que nunca é somente uma vitamina do complexo B isolada e sim associada.

PEMT – Mulheres pós-menopausadas podem ter polimorfismo do gene PEMT (devido à redução do estrogênio), impacto na colina. Suplementação de colina por 12 semanas melhorou a memória, pois ajuda na neurogênese, atua na produção de acetilcolina.

APOE – A APOE faz remoção da placa ꞵ-amilóide. APOE e4e4 -> polimorfismo que causa maior risco de desenvolvimento de Alzheimer. Estado nutricional é fator de risco para desenvolvimento de Alzheimer -> a obesidade via inflamação e a desnutrição via deficiência de vitaminas (C, A B12, ácido fólico e B1). Dieta cetogênica – corpos cetônicos têm impacto neuroprotetor sobre o envelhecimento de células cerebrais, assim como aumento da função mitocondrial e se associa com redução do acúmulo de placas amiloides (cuidado em idosos – reduz apetite e pode causar desconfortos gastrointestinais).

Confira a entrevista com
a Dra. Annete Marum
e o Dr. Pedro Andrade

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